O episódio envolvendo a jornalista Natuza Nery, da GloboNews, e o policial civil Arcenio Scribone Junior repercutiu nacionalmente. O incidente ocorreu na última segunda-feira (30), em um supermercado no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Segundo o boletim de ocorrência, o policial abordou a jornalista, questionando se ela era funcionária da GloboNews, e passou a atacá-la verbalmente, afirmando que “pessoas como ela mereciam ser aniquiladas” e culpando a emissora pela situação do país.
O advogado da jornalista, Augusto de Arruda Botelho, enfatizou a gravidade do caso em entrevista à CNN Brasil: “A ameaça sofrida por Natuza Nery atinge não apenas a jornalista, mas toda a imprensa brasileira. É gravíssimo que, por divergências ideológicas ou políticas, um jornalista seja atacado dessa forma. A imprensa livre é pilar fundamental da democracia”.
Após a abordagem, Natuza acionou a Polícia Militar e ambos foram conduzidos ao 14º Distrito Policial de Pinheiros. Durante o registro da ocorrência, descobriu-se que o policial havia mentido sobre sua identidade e omitido sua patente.
A Corregedoria da Polícia Civil assumiu as investigações, realizando diligências no local em busca de imagens de segurança e ouvindo testemunhas.
O policial foi afastado de suas funções operacionais, e a Secretaria de Segurança Pública (SSP) declarou, em nota, que está empenhada em esclarecer o caso. Além disso, Arcenio foi submetido a exames no Instituto Médico Legal (IML) para verificar a dosagem alcoólica e outras condições que possam ter influenciado o ocorrido.
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), também se pronunciou, cobrando uma resposta célere do poder público: “O ataque sofrido por Natuza Nery, em razão do simples exercício diário de seu ofício, exige pronta resposta dos órgãos de persecução penal”.