Governador de Goiás confirma que será candidato à Presidência e diz que a sociedade quer discussões objetivas, não radicalismos.
Segundo ele, o Brasil "tem tudo agora, só não tem líder". O político ainda destaca que a União "não tem norte" para o combate à criminalidade.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), pré-candidato declarado à Presidência da República em 2026, diz que é cedo demais para saber qual nome conseguirá representar uma aliança de centro-direita para concorrer à cadeira no Palácio do Planalto, mas sustenta que a população brasileira cansou dos extremismos.
"A população está ávida para sair dessa discussão de extremismos e trazer para uma discussão objetiva.
O Brasil, depois de Juscelino Kubitschek, nunca teve um presidente capaz de desenvolver este país. É um país que tem tudo agora, só não tem líder", enfatiza.
Ele garante que estará na disputa pela Presidência:
"É uma decisão tomada pelo partido e por mim: eu serei candidato em 2026". E afirma que vai rodar o Brasil para tentar se viabilizar.
Caiado estará nesta quinta-feira, no Planalto, para uma reunião de governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual discutirão um novo plano para a segurança pública. O gestor goiano se mostra cético sobre a proposta que o chefe do Executivo apresentará.
Na avaliação dele, é uma tentativa de interferência do governo federal nas forças de segurança estaduais. "Nunca fizeram nada para combater a criminalidade no país. Essa é a verdade. Nós estamos no segundo ano de governo, e não aconteceu nada. Você não viu nada, não tem projeto, não tem norte, não tem comando, nada. Está ao deus-dará.
Para Caiado, os termos da chamada PEC da Segurança não foram devidamente apresentados ainda.
O governador também critica os repasses da União para a segurança pública dos estados, considerados insuficientes.
"Já investi R$ 17 bilhões em segurança, eles mandaram R$ 900 milhões. Você vê que não apoiam nada."
O governador conversou com o Correio, nesta quarta-feira, em Brasília, logo após receber o Prêmio Professor Paulo Nathanael Pereira de Souza, entregue pelo Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), já que Goiás alcançou o primeiro lugar entre os estados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), com nota 4,8 no ensino médio público.
Segundo o gestor, investimento no ensino fundamental, regido pelos municípios, e incentivos para manter os alunos na escola foram fundamentais para o resultado.
O senhor é citado como um dos nomes mais fortes para disputar a Presidência em 2026. Sua participação está garantida?
É uma questão tomada não só por mim, mas também pelo União Brasil. Realmente eu me colocarei como candidato em 2026. Eu me sinto credenciado pela história da minha vida e os cargos que já assumi.
A população está ávida para sair dessa discussão de extremismos e trazer para uma discussão objetiva.
O Brasil, depois de Juscelino Kubitschek, nunca teve um presidente capaz de desenvolver este país.
É um país que tem tudo agora, só não tem líder.
Que dificuldade os candidatos de centro-direita terão para reunir os apoios políticos em um único nome?
Neste momento, eu diria que temos, talvez, a melhor safra de governadores do país da centro-direita.
Tarcísio (de Freitas), (Romeu) Zema, Ratinho, Eduardo Leite, todos temos partidos e chances de concorrer.
A pergunta é como construir isso? Não vamos nos estressar com isso agora. As alianças só serão realmente construídas em julho de 2026, e, depois disso, no segundo turno.
E se o Bolsonaro estiver elegível, ele também tem partido. Beleza, não é um fator limitante para nós.
O que estou fazendo: visitando os estados do Brasil.
E intensificar isso no próximo ano. Palestras, visitas, debates sobre os temas de cada região. Conheço o Brasil de ponta a ponta, então vou voltar a fazer essa caminhada.
É uma decisão tomada pelo partido e por mim: eu serei candidato em 2026.
O tema, nesta quinta-feira, no Planalto é segurança, com reunião entre governadores e o presidente Lula. O crime organizado preocupa os estados?
O Goiás é uma ilha de segurança pública no Brasil. No entanto, em outros estados, a área do estado do crime é maior do que o estado de direito.
Isso é extremamente preocupante, porque o avanço está sendo em proporções, eu diria, geométricas.
Não apenas se ocupa das regiões territoriais, mas também se envolve nas atividades econômicas e nos poderes constituídos.
Você vê a abrangência que eles estão tomando e o nível de proteção que estão tendo hoje, e isso nos preocupa, porque amanhã teremos narcoestado.
Não é nenhuma ficção.
Você tem que entender que eles amedrontaram as autoridades do Brasil, e a grande maioria das autoridades se ajoelha para a criminalidade.
Essa é a grande verdade.
Se não tiver autoridade moral, coragem para enfrentá-los, eles vão tomar conta do país em um curto espaço de tempo e vão chegar ao comando da nação. Não tenha dúvida disso.
O que o senhor pretende falar na reunião?
Acho que Goiás hoje é um exemplo para dizer, na reunião, quais são os pontos que eu discordo do Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e qual é a minha visão de segurança pública no âmbito da União, do governo federal.
Querer intervir dentro da polícia estadual?
Eles têm um desconhecimento completo, não sabem o que é a prioridade local, não têm conhecimento da realidade de cada estado.
Já tem uma opinião sobre a PEC da Segurança?
Eles não falam o que que é. Ninguém nunca leu isso, é uma coisa fictícia. Nunca foi apresentado. Mas houve alguns sinais de que queriam ter poder para decidir.
Por exemplo, uma coisa que é polêmica: "Você vai botar câmera em policial?".
Não, não vou. Já disse isso ao ministro (da Justiça, Ricardo) Lewandowski, já disse isso ao secretário-executivo.
"Mas se você não apresentar estará excluído da verba do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP)".
Sabe quanto é que me mandaram em cinco anos e meio? Eu já investi R$ 17 bilhões em segurança, eles mandaram R$ 900 milhões. Você vê que não apoiam nada.
Então o senhor defende manter a autonomia dos governadores.
Tinham que abrir para que nós tivéssemos acesso ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), e não temos. Para que as mercadorias que foram apreendidas ficassem nos estados, e não na Justiça Federal.
E quem é que deve legislar sobre as penitenciárias?
Sou eu, não é o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que tem que legislar.
Se o CNJ quiser ir lá amanhã fazer uma vistoria, tudo bem, mas as prerrogativas são minhas.
Ninguém quer assumir", critica.