O reencontro entre São Paulo e Palmeiras trazia a dúvida sobre como a equipe de Rogério Ceni se comportaria depois de levar a virada nos acréscimos na partida da última segunda-feira (20). Com apoio de mais de 38 mil torcedores, o Tricolor repetiu o domínio inicial, agora no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, mas, dessa vez, não permitiu que o rival buscasse o resultado. A vitória por 1 a 0 foi construída ainda no primeiro tempo, com gol de Patrick.
Para além do resultado, a vitória também recupera o moral são-paulino. A derrota por 2 a 1, com dois gols sofridos nos acréscimos, havia deixado um clima de abatimento no Morumbi, no início da semana, pelo Brasileirão. Ceni cogitou, inclusive, escalar uma equipe alternativa no torneio de mata-mata, para priorizar o Nacional, mas desistiu e mandou a campo, hoje, exatamente a mesma formação.
O resultado faz com que o São Paulo vá com vantagem para o segundo jogo, que acontecerá em 14 de julho, no Allianz Parque. Um empate será suficiente para que o Tricolor avance às quartas de final da Copa do Brasil.
Ao Palmeiras, além da desvantagem no confronto, a derrota significa o fim da invencibilidade de 19 jogos na temporada.
Foi bem: Gabriel Neves
O meia uruguaio vem conquistando seu espaço no time titular do São Paulo. Assim como já havia acontecido no jogo de segunda-feira, sua intensidade na marcação foi fundamental para que o Tricolor tivesse o controle do jogo. Com a bola no pé, Neves ainda conseguiu armar contra-ataques em velocidade.
Cronologia do jogo
O São Paulo era muito melhor, atacando e defendendo, quando Patrick, aos 30 minutos do 1º tempo, colocou o Tricolor na frente. Nestor brigou com a marcação de Gustavo Gómez pela esquerda do bico da área verde. A bola dividida sobrou para Patrick, que invadiu a área e finalizou de canhota, deixando Weverton sem ação: 1 a 0.
Foi mal: Dudu não pegou na bola
O camisa 7, mais uma vez, foi neutralizado pela marcação do São Paulo. João Martins chegou a inverter seu lado como de Veron, a fim de fazer com que seu principal homem de ataque entrasse na partida. Não conseguiu.
Ceni repete tática de Abel e complica saída do Palmeiras
Com a mesma escalação da partida de segunda-feira, Rogério Ceni tentou inovar no posicionamento da marcação. E a nova postura teve influência no ótimo primeiro tempo feito hoje. O São Paulo adotou como estratégia não marcar o zagueiro Murilo na saída de bola. Dessa maneira, a saída de bola obrigatoriamente passava pelos pés do camisa 26, já que as outras opções eram bloqueadas pela defesa são-paulina.
A tática é bastante semelhante à adotada por Abel Ferreira. No duelo entre as duas equipes na Libertadores do ano passado, o treinador português deixou a bola com Arboleda e fechou as opções de passe. O zagueiro equatoriano, pouco acostumado a ter essa função, se via obrigado a tentar lançamentos ou forçar passes, o que acabava facilitando para o Palmeiras recuperar a bola.
Para tentar se livrar da armadilha armada por Ceni, o meia Zé Rafael passou a buscar a bola na defesa. Com mais qualidade de passe do que Murilo, o camisa 8 surgia como a grande esperança alviverde, já que Danilo foi o tempo todo marcado por Rodrigo Nestor.
Ainda assim, o Palmeiras sofreu para conseguir incomodar o São Paulo no primeiro tempo. A equipe finalizou ao gol de Jandrei pela primeira vez aos 30 minutos.
Piquerez perdido na primeira etapa
Lado mais frágil da defesa do Palmeiras, a esquerda viu Piquerez errando muito na primeira etapa. Sem marcar Murilo, o São Paulo dobrou a marcação no lateral esquerdo, que sofreu com as subidas de Igor Vinícius. O camisa 2 são-paulino passou como quis pelo rival e forçou muitos erros de passe do lateral.
O Palmeiras, mais uma vez, transformou o jogo em um ataque contra defesa. Foram 15 minutos em que o São Paulo não respirou, e Gómez, Danilo, Rony e Veron tiveram boas chances. O São Paulo ficou acuado, até conseguir chegar à linha de fundo em uma bola esticada, que Calleri dominou. Gómez chegou na dividida e o clima esquentou.
Reinaldo veio correndo tirar satisfação, Weverton e Nestor trocaram empurrões e puxões de camisa. Mas ficou nisso. Gómez saiu com um cartão e Reinaldo, com outro.
Depois da confusão, a partida se equilibrou. Mesmo com menos controle do jogo do que o Palmeiras, o São Paulo manteve seu poder ofensivo. Gabriel Neves, em mais uma boa partida, era o responsável pelos desarmes e pelos passes que ligavam os contra-ataques são-paulinos.
Arboleda deixa o campo após torção
O Arboleda, que fazia uma excelente partida, deixou o campo chorando muito, aos 35' do 2º tempo. O equatoriano dividiu com Navarro pelo alto. Na queda, ele prendeu a perna esquerda no solo e ainda caiu com a direita sobre ela, fazendo uma alavanca.
O jogo do São Paulo: controle foi fundamental
O São Paulo começou a partida com o mesmo controle visto na segunda-feira. A grande diferença dessa vez foi a postura da equipe quando o Palmeiras começou a dominar o jogo. Depois de uma pressão no início do segundo tempo, o São Paulo conseguiu colocar a bola no chão e puxar contra-ataques criados por Rodrigo Nestor e Gabriel Neves.
O jogo do Palmeiras: sem articulação
O Palmeiras ficou acuado na primeira etapa. O São Paulo apertou a saída e sufocou a construção do Palmeiras, que não conseguia levar o time à frente, com seguidos erros de Piquerez e Murilo. Danilo, muito marcado, também não conseguia chegar à frente, e o Palmeiras não conseguia se articular.
Na etapa complementar, o Palmeiras cresceu. Foi a vez de o time de Abel Ferreira/João Martins deixar o São Paulo sem conseguir tirar as costas de sua meta. Foram 15 minutos de muita pressão, mas o time fazer seu gol verde não conseguia chegar ao gol.
Danilo é novamente vaiado
Assim como aconteceu no jogo de segunda-feira, Danilo saiu de campo xingado pela torcida do São Paulo. Depois do título paulista, o volante palmeirense usou termos homofóbicos na tentativa de provocar o rival.
FICHA TÉCNICA:
SÃO PAULO 1 x 0 PALMEIRAS
Competição: Copa do Brasil - jogo de ida das oitavas de final
Data e hora: 23 de junho de 2022, às 20h (de Brasília)
Local: Estádio do Morumbi ,em São Paulo (SP)
Árbitro: Raphael Claus (Fifa/SP)
Auxiliares: Danilo Ricardo Simon Manis (Fifa/SP) e Rodrigo Figueiredo Henrique Correa (Fifa/RJ)
VAR: Wagner Reway (PB)
Público: 38.201 pessoas
Renda: R$ 2.005.965,00
Cartões Amarelos: Murilo, Marcos Rocha e Gustavo Gómez (PAL); Gabriel Neves e Reinaldo (SAO)
SÃO PAULO: Jandrei; Diego Costa, Arboleda (Miranda), Léo; Igor Vinícius, Igor Gomes, Gabriel Neves (André Anderson), Rodrigo Nestor e Reinaldo (Wellington); Patrick (Pablo Maia) e Calleri. Técnico: Rogério Ceni
PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha (Mayke), Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Danilo (Menino), Zé Rafael e Gustavo Scarpa; Dudu (Wesley), Rony (Breno Lopes) e Gabriel Veron (Navarro) . Técnico: João Martins