BRASIL - Para entender quem são as mulheres empreendedoras no Brasil e os principais desafios que enfrentam, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em parceria com o Sebrae, realizaram a pesquisa “Mulheres Empreendedoras”. O levantamento foi realizado com mulheres de todas as capitais do país, proprietárias de empresas dos setores de comércio varejista e serviços, e um dos dados apresentados é que a maioria das empreendedoras, cerca de 6 em cada 10 (61%), não possui CNPJ e atuam informalmente, especialmente as mulheres de baixa renda (C/D/E, 68%).
Predomina entre elas a opinião de que é melhor esperar o negócio crescer e se consolidar antes de formalizá-lo (37%) e de que não vale a pena financeiramente a formalização (35%). “Uma consequência desse perfil é que os negócios das empreendedoras brasileiras têm, em sua maioria, uma estrutura muito simples: começaram com pouco recurso, normalmente vindo da economia pessoal das próprias mulheres, tem uma estrutura básica, com poucos ou nenhum funcionário, e atuam majoritariamente na informalidade. A formalização do negócio é de vital importância para o seu amadurecimento e sobrevivência, além de dar garantias importantes ao empreendedor, como acesso ao crédito e segurança na terceira idade com uma aposentadoria”, aponta a especialista em finanças da CNDL, Merula Borges.
Um grande desafio pessoal das mulheres ao empreender é a conciliação da vida profissional com as tarefas domésticas e o cuidado dos filhos. Em média, as mulheres empreendedoras atuam 8,3 horas por dia. Quase metade (47%) trabalha de casa e apenas 24% se deslocam até uma loja ou escritório próprio da empresa.
Mais da metade (55%) das mulheres casadas ou em união estável cuidam sozinhas das tarefas domésticas e 35% dividem com o cônjuge. Metade (50%) das que já são mães cuidam a maior parte do tempo sozinhas dos filhos quando eles estão em casa, principalmente empresárias que não possuem formalização (55%) e das classes C/D/E (53%). Por outro lado, 26% dividem igualmente essa responsabilidade com o cônjuge, com destaque paras empresárias formalizadas (32%) e das classes A/B (35%).
Vida profissional e vida familiar
Apesar das dificuldades, a maioria das mulheres abordadas na pesquisa tem uma visão positiva e sente que conseguem equilibrar bem a vida profissional com a vida familiar (82%), com momentos de lazer (81%) e a com as tarefas domésticas (78%). Porém nem todas saíram ilesas da jornada dupla ou tripla: 3 a cada 10 empresárias (31%) confessam que se sentem culpadas por não ter mais tempo para cuidarem de si e pouco mais de 2 a cada 10 (24%) se sentem culpadas por não conseguir dedicar mais tempo à família. Em média, elas costumam tirar 16 dias de férias por ano e 97% se consideram bem-sucedidas em seus negócios.
De acordo com a pesquisa, a média de idade das empreendedoras brasileiras é de 41 anos. Em média, elas tinham 32 anos quando abriram a empresa. Quase metade são casadas ou têm união estável (45%), enquanto 53% não são casadas, sendo solteiras ou divorciadas. Além disso, 7 a cada 10 empresárias (71%) têm uma renda familiar de 1 a 5 salários-mínimos, sendo a média de 3,4 salários (equivalente a R$ 4.242); 83% pertencem a classe C/D/E e 17% a classe A/B e 60% cursaram até o ensino médio completo.
Embora esse seja o perfil médio, alguns pontos específicos podem ser destacados. Em primeiro lugar, é expressivo o percentual de “jovens empreendedoras”, aquelas entre os 18 e 34 anos (31%). É importante sublinhar que apesar da prevalência de mulheres empreendedoras com ensino médio completo, muitas terminaram o ensino superior (23%) e a pós-graduação (5%). Apesar disso, apenas 17% recebem 5 salários ou mais (mais de R$6.060).
“A dificuldade da mulher em conseguir uma boa remuneração, mesmo tendo maior escolaridade, fica ainda mais evidente quando comparada com os homens. Essa situação é um indicador da persistente desigualdade de gênero no Brasil, apesar do movimento de inserção das mulheres na força de trabalho, particularmente no mundo dos negócios”,
Sustento do lar
A mulher que empreende também é a grande responsável pelo sustento do lar em que vivem, muito embora essa parcela seja menor entre as empreendedoras casadas: 65% são as principais responsáveis pelo pagamento das contas do lar (se considerarmos apenas as empreendedoras casadas esse percentual cai para 35%).
Outras 21% dividem as contas com o cônjuge e 14% não contribuem com as contas da casa, deixando-as para o marido ou outros.
Por fim, no que tange às empresárias mães (73%), a maior parte ainda tem filhos pequenos em casa, entre 0 e 11 anos (31%) ou adolescentes de 12 a 17 anos (19%). Ou seja, muitas delas têm de enfrentar o desafio da criação dos filhos.
IMIRANTE.COM09/03/2022 às 11h42